sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Volta e meia vamos dar

I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA

Enquanto a bola rola no campo do Centro Desportivo Comunitário Cleuza Bueno, o sol vai ensaiando incendiar o dia 25 de janeiro. 

Quis homenagear Drummond em seu Centenário sendo uma pedra no meio do caminho de quem caminhava. 

Começo por Antonio que assiste ao jogo sentado em uma mureta ao lado da pista. Jogou durante oito anos no Cleuza Bueno e agora volta só para apreciar.  

Chama atenção esse olhar que, se, em aparência, desconfia, no fundo, no trato não me confundiu aquela bondade.  

O papo rolou solto, mas se a pose o assusta, a foto capta esse  receio de se expor e o incômodo que, sem querer, talvez, eu lhe tenha causado...

Na crônica ainda é tempo pra pedir desculpas, Antonio! 

Na arena sintética, disputam os protagonistas em uma data histórica para o Jardim Rebouças.  

Em volta, a periferia do campo. Há mulheres que caminham ou se exercitam no feriado. 

A pista assimila também um público feminino de diferentes faixas etárias que deixa o lugar de espectadoras.

Foi um prazer falar com Cida, 49 anos, assídua nos fins de semana que vem com a filha Letícia de nove anos. 

Entre as quinze voltas da mãe, a menina cumpre dez e é na caminhada que o papo também rola imitando a bola no  campo. 
É mulher na pista!

Com Mary, lépida, conversei rapidamente, mas foi o bastante para aprender que minha amiga árvore...

...que sentou no muro, personagem da crônica  anterior, representaria....

... “ o desespero da natureza pra sobreviver”. 

Síntese da bióloga. Valeu, Mary!

Vejo de longe a ação feminina na academia ao ar livre que o CDC oferece.

Não conversei com todas. A moda jovem pra caminhar do american way of live que importou o hábito do fone de ouvido parece repelir contatos. 

Respeitei quem ouvia ou quem corria. Lara, que vem ao centro de vez em quando, dá cinco voltas e preferiu não ser fotografada.

Com Irene, 57, foi o médico que lhe recomendou a caminhada. E agora diz que não para mais, tamanho bem que lhe faz.  

Quando menciono o projeto do Espaço I LOVE LAJE, Irene embala: 

- Queria tanto aprender crochê? É um desejo antigo. Agora tenho tempo. Pode ser  dança também pra terceira idade!

 Anotado o pedido, Irene!

As oficinas previstas no projeto irão do jornalismo ao audiovisual, da poesia ao teatro,  assim que a  reforma do Espaço de Convivência Cultural terminar. 

Entretanto, havendo demanda, é possível adequar outras oficinas na medida do interesse coletivo e em consonância com a finalidade do projeto: 

Do Campo Limpo ao Sintético: Poesia Sem Miséria.

As mulheres que correm, andam ou adentram esse espaço, tradicionalmente masculino como são os CDCs,  foram apenas uma amostra da acolhida que tive em minha crônica periférica. 

Retratar quem fica à margem da várzea mas não se inibe. É isso, pessoal...

As figuras de Joe, Trinta e Binho pegam na dura tarefa comunitária e voluntária de coordenar o Cleuza Bueno e se mostram abertos a receber quem quiser vir...

... não só pra usufruir mas também pra  ajudar.

Tanto penso assim que  me atrevo a trazer do lirismo  de Manuel Bandeira,  uma outra Irene imortalizada em um de seus poemas:

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:

- Licença, meu branco!

E São Pedro bonachão:

- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. 

Quem vem ao CDC pra se nutrir de alegria, prazer e esporte, bem-vinda(o)!

A chamada agora é pra formar times de futebol feminino. 

A mulher gera vida e tem o dom de congregar a seu redor o calor pra não deixar morrer um costume antigo da vida comunitária. 

Venha! O campo é nosso!

Ah! E mais, O I Love Laje está aberto pra você!



                                Crônica e fotos: Alai Diniz 


Do Campo Limpo ao Sintético
 Poesia Sem Miséria

A Várzea é Vida!
Prestigie!

Apoio: Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo

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