sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Candearte: amor e resistência

Nem tudo é mal ou bem. Vai se vivendo. Contornando. 

Mas quando o tempo de convivência apresenta desgaste na relação amorosa entre marido e mulher, é barra. 

Osvaldo já se habituara a uma certa rotina. 

Todo sábado fica sozinho em casa. E essa situação o incomoda. 

Dona Lucélia, invariavelmente, passa os fins de semana com a filha e o neto.

Na tela do computador visita páginas de mulheres nuas. 

66 anos. 30 de casado. Aposentado. A solidão o atormenta. Bebeu da cerveja.

- Essa é a real. E nada posso fazer para mudar. 

Tivemos bons momentos no casamento. Mas, acabou. E eu me sinto passado.

Assim pensando olhou entre as pernas e suspirou. 

Entristecido retornou à sua página no face book e se deparou com uma matéria ali compartilhada:

Cocada com Sarapatel é no Candearte!

Começou a ler e um estranho interesse sentiu. Dança do Coco?

A labuta diária nunca lhe permitiu alguma distração além do trabalho.

Novo gole entusiasmou seu pensamento:

- A Casa de Cultura Candearte fica perto, no Pq Marabá... participação dos grupos Ganzarandá e Candogueiros, do Campo Limpo. 

Uma reflexão ao Dia da Consciência Negra...

Olhava as fotos. Não conhecia ninguém. 

Mas viu pessoas de várias idades cantando, dançando, rindo.

O tempo na rua estava chuvoso, nada animador. 

Mas ficar em casa vendo tv ou mulher pelada é o nó. Não aguentava mais.

Foi pro banho e por volta das 20hs se dirigiu ao espaço Candearte. 

Da esquina ouviu a cantoria e se aproximou. Seja bem-vindo foi logo recebido.

E o Osvaldo movido pelo entusiasmo presente, sentiu-se à vontade. 

Em meio à roda, as mãos embalaram palmas e o comichão tocou os pés...

- É pra frente e pra trás, rapaz! Bate o pé, balança, e volteia no mesmo passo.

Iluminada mente. Osvaldo cantando, rindo, dançando. 

Fazendo par com as pessoas. Sentiu-se livre, leve, solto.

O sarapatel tava uma delícia. Arriscou uma cachacinha. 

Pedreiro, mestre de obra que era, tudo construía e reformava em sua cabeça.

Olhou a sede com outros olhos. Penetrou na alvenaria. Sua simplicidade. 

As marcas do reboco. O teto. O piso. As portas. 

Uma cobertura no quintal passou diante dos seus olhos.

As dificuldades estampadas, lidas nas paredes. 

E a grandiosidade a cantar, a bailar. 

Energia, arte, acolhimento. 

Assim embalado, num instante supremo, percebeu que é possível mudar os rumos das coisas.

A compreensão é magia. 

E em tamanho cresceu o Osvaldo quando olhos belos de uma senhora lhe pousaram nos seus.

A palpitação daí em diante marcou o compasso. 

As palavras trocadas. Um desejo crescente. 

O beijo no rosto e o perfume da despedida.

Tornaram-se amigos no face book. Mais que isso. 

A troca de mensagens revela um romance a ser escrito.

Ela é de um bairro distante, dificultando a paquera. 

Mas um próximo encontro está marcado para o sábado 10 de dezembro...

...quando o Grupo Candearte irá promover a folia Boi de Reis.

As fotos são da 28ª Cocada do Grupo Candearte, que aconteceu no sábado 12 de novembro.

Participaram da fotonovela o elenco do Candearte e convidados:

Geraldo Magela, Maria Clara, Ingrid Sena, Pedro Lucas, Táta...

Dara Cristina, Pedro Aquino, Genini, Luana Piveta...

Melissa, Bruno Uberê, Alai Diniz, e Renato Macedo.

Em Taboão da Serra, Grupo Candearte é amor e resistência!