quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tá na várzea, tá com nóis...


Morreu Gersinho, ex Santos, jogador do Lusitano.


Na última edição do Jornal Atual, na página - Tá na várzea, tá com nóis - coloquei na coluna 'Foto Mania' o atacante Gersinho com a seguinte legenda: 

'Ele está de volta para desespero dos zagueiros e goleiros adversários. É o atacante Gersinho, defendendo as cores do Lusitano na competição Master 45.'

Sem o saber, naquele momento, pensava em Gersinho muito longe do hospital onde se encontrava internado. 

Bem, o lusitano Dagoberto me ligou na tarde de terça, 3, com a clássica pergunta: 

- Você sabe quem morreu? Gersinho, disse ele.

Tomei um choque. Tá certo que pra morrer basta tá vivo, mas tem pessoas que a gente se afeiçoa e nunca espera inesperada partida.

Gersinho completou 50 anos em julho, quando, em nossa domingueira varzeana, pude vê-lo jogar contra o Parados da Vila Iasi, no 2º Campeonato Municipal Masters 50. 

No jogo registrei seu gol, o terceiro, na vitória do Lusitano por 3 a 2. Foi a última vez que eu o vi.

Por duas vezes artilheiro da competição Masters 45, Gersinho se deslocava de Osasco pra vir jogar aqui em Taboão.

Ponta direita, Gersinho veio do Figueirense e passou por seleções de base e a pré-olímpica. 

Foi campeão paulista de 1984 e vice-campeão brasileiro, pelo Santos FC. Época de Rodolfo Rodrigues, Serginho Chulapa, Dema, João Paulo, depois Zé Sérgio, e outros craques.
 

Correu o Brasil e o mundo afora, e encerrou sua carreira no Japão.

Ganhou dinheiro, mas não muito. Fez fama, mas não se fixou na elite do nosso futebol. Gersinho faleceu na segunda-feira, 01/10, vítima de cirrose.

Somente uma certeza, com sua habilidade e o modo simples de ser, Gersinho deixa saudades aos muitos amigos da várzea taboanense. 

Masters Lusitano, derradeiro abrigo do atacante Gersinho (abaixado, segundo à esquerda).

Lances do Gersinho contra o Parados da Vila Iasi, em julho...

 Nesta, o zagueiro Anselmo leva a melhor...

 Mas, em seguida, o camisa 7 dispara pela esquerda...

 E serve pro centroavante Tadeu finalizar pra rede...

 A comemoração tantas vezes repetidas em sua carreira...

Com a bola a sua frente era difícil segurá-lo...

Do jeito que gostava, na velocidade...

 Anselmo veio pro combate e ficou...

Gersinho e a bola falavam a mesma língua...

 Os zagueiros e o goleiro eram detalhes a vencer...

Antes do arremate final...

O que é real hoje, amanhã será lembrança...

Restam os abraços gravados na memória daqueles que com ele jogaram...

Abaixo, nossa última imagem e também a entrevista que me concedeu:

Com Décio, Gersinho veste a camisa comemorativa ao seu aniversário de 50 anos. 

Palavra de craque

Conversamos com Gersinho, do Lusitano, autor de um golaço na vitória por 3 a 2 frente ao Parados Vila Iasi. 

Ele que já vestiu a camisa 7 do glorioso alvinegro praiano dá maior trabalho aos adversários aqui no campeonato cinquentão, em Taboão da Serra.

- Foi um jogo difícil. Mas nossa equipe se comportou bem. Completei 50 anos na semana passada e graças a Deus a saúde tem ajudado. Fui feliz no lance do gol. A velocidade, o drible, são características minhas. E na cara do gol a gente tem que ter tranquilidade pra botar a bola pra dentro.

- Em que época você jogou no Santos?

- Eu sou do time campeão paulista de 1984, vice-campeão brasileiro. De Rodolfo Rodrigues, Serginho Chulapa, Dema, João Paulo, depois Zé Sérgio. Vim do Figueirense e passei por seleções de base e pré-olimpica. Corri o Brasil e o mundo afora, e encerrei minha carreira no Japão.

- E o futebol hoje?

- Fico contente de ver Neymar, Ganso, Lucas, no São Paulo, mas, comparada minha época, são poucas as revelações, os talentos atuais. Infelizmente os treinadores hoje preferem jogadores truculentos, fortes, e deixam a habilidade de lado. O gol que fiz hoje é característico de ponta. E sinto falta no futebol do ponta direita, do ponta esquerda. Dou aula em Caieiras e procuro armar minha equipe sempre com três atacantes. Dois abertos e um enfiado na área. Incentivo o drible, a jogada individual dentro do comportamento coletivo. 

ADeus, Gersinho!