terça-feira, 24 de julho de 2018

História de um tempo, 42 anos de EC Jardim Paris

I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA

Quando cheguei no bairro do Campo Limpo, em 1968, o Carlinhos era molecão, que, como todos nós periféricos, tinha como desejo vestir a camisa de um time e jogar futebol. 

Os campos por aqui, em virtude da expansão imobiliária, foram minguando. O EC Campo Limpo e o EC Suima, na Estrada do Campo Limpo, deixaram de existir com a perda de seus espaços.

Em 1970, surgia o GR Martinica no alto da rua Roque de Mingo, ao mesmo tempo que a Escola Mauricio Simões ocupava o campo da garagem da Viação Campo Limpo.

Carlinhos, o Carlos Ferreira, 64 anos, segue a trilha da paixão pelo EC Jd Paris desde a sua fundação, em 18 de julho 1975, pelo Luiz Pereira da Silva, o popular Luizinho, e o mano Ismael, que durante bom período comandou a equipe.

O arrebatamento do Carlinhos pelo time e o campo é tal, que, ao encontrá-lo cedo, em frente ao Mercado Satmo...

...conversando sobre o meu afim, me disse da cirurgia sofrida há um mês. na cabeça, por conta de um coágulo. Levantou o boné e mostrou o corte ainda a cicatrizar. 

Tiro o chapéu! A memória e a vontade, em nada foram afetadas. 

O campo da Regional, hoje chamada de Arena Regional ou CDC Jd Paris, foi criado em 1976 por iniciativa dos funcionários da AR Campo Limpo, tendo o Vai-Vai seu maior incentivador. 

Até então, o EC Jd Paris mandava seus jogos no campo do IV Centenário, que ficava em frente, do outro lado da estrada do Campo Limpo, onde é o galpão da prefeitura local. 

Passados alguns anos, o Paraquedas assumiu o espaço e o campo acabou abandonado.

Até que em 1985, o Fernando Marrom, funcionário da Regional do Campo Limpo, retoma o projeto e põe mãos à obra.

Ele relembra o apoio conferido pelo administrador Dr Juliano... 

De sua ida ao Morumbi e a orientação dada pelo Gino, ex jogador sãopaulino, inclusive cedendo uma cartilha com as medidas oficiais para a construção do campo de futebol.

Time de Veteranos da Regional, por volta de 1995.

Alguns companheiros eu me lembro. Marrom, Ismael, Justino, Joia, Toninho Branco, Pedrão Borracheiro, Ditinho, Jorge...

Também tô nessa. Me descobri na foto, agachado feito centroavante.

E foi aqui no campo da Regional, depois de ter deixado de jogar bola, que comecei a minha carreira de repórter varzeano. 

Cobri a final do 1º Campeonato de Futebol Amador do Campo Limpo, com o SS Oliveira, um timão da época, faturando o título com um gol de cabeça do nosso amigo Osmar Alves, zagueiraço, que ainda está na ativa. 

Corria o ano de 1995. E já de cara a matéria ganhou destaque com capa e uma página interior.

Sabia ser uma ideia rica. Falando de Nós continua sendo a caminhada de tantos anos. Divulgar e fortalecer o futebol varzeano, a cultura varzeana.

Os CDCs no Campo Limpo são os únicos espaços de lazer, de atividade física, de convivência social que a periferia tem para usufruir. Daí a importância maior do seu bem cuidar e implementar.

Seja com as escolinhas de futebol, futebol feminino, e arte. 

Convivo com a realidade e sei das dificuldades que é manter um time varzeano jogando semanalmente.

Penso que a Secretaria Municipal de Esportes deveria agir, investir nos CDCs, nas pessoas que ali trabalham para manter o espaço em funcionamento adequado e criativo. 

Foi bom voltar ao passado. Nossa lenha pra fogueira cotidiana. E, especialmente, estar ao lado da família Jd Paris fazendo aquilo que gosto.

Do terrão ao sintético. Está por completar 5 anos que a reforma do campo começou, transformando-o em Centro Desportivo Comunitário.  

A equipe de Veteranos do Jd Paris, criada em 1987, representou a agremiação no festejo de seu aniversário...

No elenco estão: Beba, Renato, Lucas, Mauricio, Ulisses, Renato Costa, Du, Cris, Elton, Julio, Lopes Caeté, Leonardo, Julio Pereira, Serginho, Edinho, Luiz Cesar, Xande, Picon, Peba, Jailson, Sandro e Sanches.

Para a segunda etapa, o Veteranos Jd Paris vestiu o novo fardamento com a logomarca da Alpha Confecções e Calçados.

A comissão técnica do time formada por Carioca, Welton e Barraca.

Confiantes numa boa apresentação, Lopes, Du e Jailson antes do pega começar. 

Os capitães, Renato, do Veteranos Paris, e Vanderlei, do Clube Amigos do Jd Olinda, ladeiam o Jorge, árbitro da peleja.

O visitante Clube Amigos do Jd Olinda, bairro vizinho, deu trabalho pro anfitrião.

Na moldura, Gerson Mindú foi o destaque do jogo com 3 gols.

Ele abriu o placar no inicio da partida, aproveitando um rebote na pequena área.

O Jd Paris demorou pra se acertar. Respirou aliviado quando o atacante Júlio acertou a cabeçada fatal...

Júlio comemora o empate de 1 a 1...

No segundo tempo, Leonardo recebeu bom passe de Alvino e disparou de pé canhoto...  

Golaço! Uma bomba a explodir na malha da gaiola...

Alvino que tinha acabado de entrar, em seu primeiro lance, trocando passes, criou a situação de gol...

Após a virada, o Jd Paris ganhou a posse de bola...

Teve a chance de ampliar com Serginho...

...que pegou mal na bola facilitando a vida do guardião.

Tudo ia bem até que deram mole pro Gerson Mindu...

Em dois lances seguidos, ele revirou o placar...

Bola na rede e Gerson Mindu comemora o 3 a 2...

O técnico Barraca soltou a bronca geral...

Já no fim da peleja, o Alvino, em meio ao fuzuê, emendou o chute.

O zagueiro salta à frente e corta a trajetória da bola.

O juiz Jorge, ao lado, apitou. 

Rapaziada do Olinda chiou. O Jorge, categórico, afirmou:

- Nem é preciso o VAR. O zagueiro saltou de braços abertos. É pênalti!

O atacante Serginho cobrou com segurança e converteu: 3 a 3.

Findo o jogo, veio a confraternização. Na churrasqueira, o Ronaldo, que é corredor maratonista, na maior velocidade, deu um trato na carne.

Animando o encontro, Emerson Samba canta o que há de melhor na música popular brasileira.

Seguimos colecionando descontraídas imagens...

São instantes em que a amizade faz seu brinde.

O time do Veteranos Jd Paris curtindo o 3º tempo.

Patricia e Augusto em foto pra recordar os bons momentos.

Observando o movimento, o Mauro...

e o Corujinha, que é um dos primeiros habitantes da comunidade.

Família Valentim presente...

Isidoro, o Dorinho, com quem tive a oportunidade de formar dupla de zaga no time da Regional e o LAFS, durante mutos anos. 

Me contou da alegria que era estar ali compartilhando mais uma ano de vida do time, mas profundamente triste com o assassinato do companheiro varzeano Wellington, o Molinha, morto numa tentativa de assalto a sua papelaria, próxima ao campo, na semana passada. 

Marrom, a direita, me disse:

- Vendo aqui as pessoas usufruindo do espaço, fico contente em ter capinado esse caminho.

Ao centro, o Barraca, abraçando o Luizinho, fundador do EC Jd Paris e o Cadinho, um craque que encantou nos times onde jogou.

Gozando a simpatia da comunidade pelo apoio dado à reforma do campo, o vereador Donato, do PT, ao lado do Du, apareceu pra deixar os cumprimentos...

Requisitado pra foto, seguimos registrando...

O casal Diva e Flavio...

Motivo entusiasmo foi a chegada da categoria sub 20, do EC Jd Paris, que se classificou na Taça Cidade de São Paulo ao vencer o Sempre Nóis, em jogo realizado no SAPY.

Maria Eduarda e Daiara pediram o retrato, e eu envio...

...saudações a todos que mantém a chama varzeana acesa. 

Amanda e Clécia cuidam da lanchonete na maior simpatia.

Finalizando nossa jornada, o Carlinhos e o Fernando, que ocupam a presidência do CDC Arena Regional, ladeando o troféu campeão da Copa Caxanga, de 2014. 

E eu já estava indo embora quando encontro o Vitor, parceiro varzeano da antiga, e a filha Renata, completando 14 anos. 

Não tive dúvida. Mantive a rotina. Cliquei. 

Reportagem: Marco Pezão

DO CAMPO LIMPO AO SINTÉTICO

POESIA SEM MISÉRIA

A VÁRZEA É ARTE

A VÁRZEA É VIDA

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Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo