segunda-feira, 6 de agosto de 2018

No Martinica, morte súbita tira Alex do jogo

I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA


A segunda-feira, 06, foi um dia de triste despedida. Partida brusca. Inesperada.

A mensagem do Cipó, na tarde de domingo, 05, somente dizia: o Alex faleceu. 

Quem? O Alex, Alex? Do Martinica? Que trabalhava na Adidas? 

Conheço o Alexandre Oliveira Sampaio desde os tempos do Colorado, do Jd Roberto, princípio da década de 80. 

Ele é o primeiro, em pé, à esquerda. Fiquei chocado. 

Depois, pela manhã, em outro informe, o nome do cemitério, o velório e a hora do enterro.

Revejo o Alex à época que jogava no Botafogo da Vila Pazzini.

Só fui saber a causa mortis à hora da chegada. Morota, Cidico, Cipó, André... e cada qual contando os últimos momentos do Alex...

- Entrou no jogo. Uns dez minutos. E tava bem. No vestiário, sentiu-se mal. A dor no peito. Desfaleceu.

Chamaram o SAMU. Tentaram ajudá-lo. E o colocaram no chão. Massagem cardíaca... 

O socorro tarda. É preciso urgência. Tentaram removê-lo. Uma viatura de polícia apareceu e o levou ao hospital...

Mas não houve tempo. O sopro que restava se extinguiu.

Sem cartão amarelo, que juiz é esse que expulsa de campo uma vida assim, saltando aos olhos? 

Sofria de diabetes, hipertensão, fazia muito amor? Questionamentos que também nos afligem, não faltaram.

Foi Deus. É chegada a hora. Cada um na sua demora. 

Deus sabe o que faz, é o genérico apoio. 

Busco nas fotos, lembranças. Uma pessoa como nós, tantos, criada na cultura da bola, nosso futebol varzeano.

Em anos de trabalho cobrindo a várzea da região Campo Limpo/Taboão busquei clicar os bons instantes que ela nos proporciona.

Corinthiano que era, estendeu sua paixão ao GR Martinica. Leal, interagiu com a coletividade. Dinâmico, ao lado do Cipó, ajudou a engrandecer o manto.

O retrato do Alex, agachado em meio ao time do Veteranos do Corinthians, na festa de 39 anos, era de pura alegria. E é ela que fica. 


No velório, tantos varzeanos reunidos. Uma despedida bem a cara dele. Dava mais que três timesUma seleção de craques, a escolher.


O dia chorou uma chuva fina e sentida. Nós o acompanhamos ao campo verdejante, tua derradeira morada...

'Salve o Corinthians, o campeão dos campeões, eternamente em nossos corações'... a bandeira levas contigo, o hino entoado enaltece nossa despedida.

Saudado por todos que o conheceram,  o Alex, 54 anos, estampa saudades nos gomos da bola a girar, a rolar, a girar, a rolar... 

Me recordo então que o amigo tem agora como vizinho o inesquecível Zé Carlos, ponta direita dos áureos tempos, no mesmo Memorial Paulista, sepultado.

E não vou me surpreender se, na calada da noite, os dois improvisarem um gol a gol...

Fotos e texto: Marco Pezão

DO CAMPO LIMPO AO SINTÉTICO

POESIA SEM MISÉRIA

A VÁRZEA É ARTE

A VÁRZEA É VIDA

PARTICIPE!

Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo