sexta-feira, 17 de maio de 2019

Pincelando a literatura fantástica de Ítalo Calvino no Clube de Leitura I Love Laje de maio

I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA



O Clube de Leitura I Love Laje continua e no dia 18 houve o relato de uma obra fantástica Visconde partido ao meio (1952) de Ítalo Calvino (1923-1985). 
 Escrita sete anos após a II Guerra Mundial, a obra começa retratando uma guerra em que o Visconde Medardo di Terralba luta contra os turcos.
 O narrador é seu sobrinho visto que chama o visconde de "tio". 
Identificar a voz do enunciador do relato é um dos pivôs para entender uma obra. Observar como ela se inicia e como termina constitui outro dos pontos de atenção. Entretanto, ao comentar uma obra, o melhor é dar apenas algumas pistas para que isso possa incitar a leitura e não esgotar tantos elementos que o ouvinte perca o desejo de buscar na obra sua própria visão. 

Nas batalhas tudo pode suceder, então numa delas, o nobre acaba  solapado por um canhão, tendo seu corpo dividido em dois. 
Então, é assim que vamos adentrando no universo do fantástico.  Até mesmo com o neologismo que indica o nome do protagonista.

 Medardo (Me+dardo = dardo em mim) não morre.

Alegando uma dessas peripécias da ciência médica, reconstitui-se o corpo do Visconde  pela metade.

"Costuraram, adaptaram, amassaram:sabe-se lá o que fizeram...meu tio abriu o único olho, a meia-boca, dilatou a narina e respirou...
vivo e partido ao meio." (CALVINO, p. 21)

Sequelado, assim volta o nobre ao reino de Terralba. Tal qual um mutilado, esse infortúnio transforma o personagem, antes alegre e justo. Agora  está regido por outra lógica. A de viver só com o lado direito à vista.

Uma capa escura o envolve do lado esquerdo, marcando dali em diante uma carência física e psicológica. 

Padece Medardo de uma lacuna... E por isso quebra a asa da ave de seu pai; paga só a metade da viagem ao carregador da liteira; decepa as peras ao meio...

"Da guerra só havia retornado a metade malvada de Medardo." 

 Só a direita de seu corpo cobrava vida. E assim prosseguem os desmandos do poderoso. Açoitava os leprosos para um pântano.  Condenou à forca tanto bandidos como caçadores e guardas. Sua ama de leite, a Velha Sebastiana inventou um modo de a enviar a viver na floresta com leprosos... E por aí vai o Visconde cometendo atos inconcebíveis ao leitorona como a matemática, serve para estimular sua imaginação e, pela estética também à reflexão sobre a nossa sociedade, nosso tempo! 

Não há uma só interpretação de um romance, depende sobretudo do repertório de cada leitor e do que cada um busca na obra.  

Experimente lê-la e você vai ter uma ideia de como sua imaginação vai agir...

Na mesma reunião  de maio, houve também o comentário de Marco Pezão sobre a obra Terra Sonâmbula (1992) de Mia Couto, escritor de Moçambique.  Confira nos próximos dias a matéria aqui neste blog. 

Texto: Alai Diniz


  

quinta-feira, 2 de maio de 2019

De Malala à faxina étnica: temas do Clube de Leitura de abril


 Malala, infância e a faxina étnica


no Clube de Leitura I love Laje



No dia 13 de abril, mais uma vez, o Clube se reúne para dialogar sobre temas diversos dos livros lidos no mês de março.  

Para começo de conversa, tivemos a Joyce, que comentou o livro, "Eu sou Malala",(2013) escrito por Malala Yousafzai, com Christina Lamb.

Esta jovem paquistanesa, nascida em 1997,  defendeu o direito a educação e foi baleada pelo Talibã.

"A todas as garotas que enfrentaram a injustiça e foram silenciadas.
Juntas seremos ouvidas."
Malala Yousafzai.



Em seguida temos, Duda apresentando sua leitura sobre o livro "A infancia acabou"(1996).

 Renato Tapajos. nascido em 1943, Belém do Pará. Além de ser reconhecido pela obra "A infância acabou", ele também é cineasta e roterista, tendo dirigido mais de 30 filmes entre curtas e longas metragens.


Por último, porém não menos relevante, temos  Gabriela, discorrendo sobre o livro "Antologia- Círculo Palmarin", 10 anos de resistência" (2006)

Uma obra criada coletivamente, com base em saraus, sendo um registro de resistência cultural do movimento negro.

Compõem o livro 65 poetas, ativistas do Círculo Palmarino, parceiras(os) de luta.

Quanto ao termo, Faxina Étnica significa os diferentes modos de apagar uma etnia.

Nesta reuniao de abril, além dos depoimentos sobre as leituras tivemos também uma homenagem póstuma a poeta Tula Pilar Ferreira, tema da proxima matéria do blog.

Texto: Jennifer Rosa.

Imagens: Marco Pesão.

Edição: Alai Diniz e Najara J.

DO CAMPO LIMPO AO SINTÉTICO

POESIA SEM MISÉRIA

A VÁRZEA É ARTE

A VÁRZEA É VIDA

PARTICIPE!

Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo