No centro da bandeira, de camisa escura, o Mineirão, porreta, fortalecia a torcida na estreia da equipe no Desafio ao Galo.
Também é do início da década de 1970, a criação do programa Desafio ao Galo.
Emissora do Marechal da Vitória, Paulo Machado de Carvalho, a TV Record transmitia os jogos ao vivo aos domingos, às 10h, e logo o evento tornou-se sucesso de público e audiência.
Além de revelar jogadores, foi escola para narradores como Raul Tabajara, Joseval Peixoto, Estevam Sangirardi, Fausto Silva e outros.
As disputas aconteceram no campo do Juventus, União dos Operários e CMTC Clube. O vencedor do duelo era considerado o Galo, e nos intervalos, em sorteio, conhecia-se o novo desafiante.
E foi no ano de 1974, que o GR Martinica ganhou o direito de enfrentar o Vila Maria FC.
O novo Galo vinha de uma façanha colossal. Vencera por 2 a 0 o Parque da Mooca, pondo fim a um reinado que durara 26 rodadas.
A comitiva liderada pelo presidente Moacir Bondezzan, Clodoaldo, e o secretário Carlos, tomou rumo ao Alto do Pari levando quatro ônibus repletos de torcedores.
Já consagrado na zona sul, o Leão do Barranco, tendo como técnico o saudoso Lucindo, o Pelezinho, mandou a campo a seguinte equipe.
Em pé: Moreto, Moreira, Douglas, Galo, Bodinho e Bassi.
Agachados: Zé Carlos, Neguita, Leão, Chuvisco e Cidico.
Os martiniquenses uniram toda nossa região, e as torcidas de outros clubes estamparam seu apoio com faixas por todo alambrado.
Foi o começo de uma caminhada marcante.
De cigarro na mão, o taboanense Leco, da Vila Iasi. Ao seu lado, o falecido goleiro Zicão.
De cabelo black, o Carlão. Atrás, de bigode, o Perna. Carlinhos Cobra, Vai Vai, da Regional, Mané Camarão.
Todos envoltos numa só emoção.
O repórter Samuel Ferro reproduz a euforia, o canto de vitória.
O camisa 8 Neguita, o mais estiloso ponta de lança que nossa várzea produziu, é eleito o melhor jogador em campo.
O repórter Samuel Ferro é quem faz a entrega da comenda.
A esquerda, o presidente Moacir. De calça xadrez, atrás, o então jovem Adi. A direita, com a criança, o escudeiro Carlos.
Numa época em que o futebol tinha pontas direitas, Zé Carlos, centro, era o grande astro.
Autor do primeiro gol, ele recebeu o carinho do torcedor e do auxiliar massagista Zé Queimada.
Carregado em triunfo pelo Ditão, do Jd Maria Sampaio, o centro avante Leão consolidou a vitória por 2 a 0, garantindo a supremacia do GR Martinica no terreiro e o título de Galo da Várzea.
2º JOGO
Na adega do Martinica, os copos brindaram o acontecimento.
E a fluência foi tanta que o Moacir teve que arranjar mais ônibus, chegando a caravana ter 14 deles cruzando a cidade para assistir o Desafio ao Galo, no clube União dos Operários.
No segundo duelo, a domingueira amanheceu chuvosa. O adversário a ser enfrentado era o Mocidade do Bonfiglioli, Butantã, dos amigos irmãos metralha.
Pela proximidade dos times, sabia-se um jogo duro. E o técnico Lucindo repetiu a formação que derrotou o Vila Maria FC por 2 a 0.
Em pé: o auxiliar Zé Queimada, Moreto, Bassi, Moreira, Douglas, Galo, Bodinho e o massagista Mané.
Agachados: Neguita, Zé Carlos, Leão, Chuvisco e Cidico.
Antes do pega, o fotógrafo Tigrão retratou o camisa 10 Chuvisco.
Gonçalves, o Bodinho, zagueiro que atuou pela Portuguesa dos Desportos e Internacional de Porto Alegre.
Nem aí pro campo pesado, o futebol do GR Martinica fluiu leve. Em grande jornada, Chuvisco fez 1 a 0.
Zé Carlos, lançado na direita, ampliou 2 a 0.
O capitão Galo, entrevistado pelo repórter Samuel Ferro, fez o terceiro na bela e molhada vitória por 3 a 1.
À esquerda do volante, tenho quase certeza que é o falecido Zagallo, do Primor, e Morro dos Mineiros.
Baleia, de mão na cintura, prestigia o momento em que Chuvisco recebe o troféu de o destaque do jogo.
Que chuva o quê! Tilega, Nica, Baleia, Mané Boy, Carlinhos Cobra, rostos na multidão, e o batuque comendo solto.
O GR Martinica continuava a mandar de galo. E a semana foi curta e agitada diante da expectativa de encarar o Pq Buturussu, seu próximo oponente.
3º JOGO
Fato e foto, que por si só é histórica, proeza varzeana.
Data à época em que vivíamos sob a ditadura militar, 1974, quando as mulheres ensaiavam ainda suas liberdades.
Time que tá ganhando não se mexe, é o dito.
E assim procedeu o técnico Lucindo na partida contra o postulante Parque Buturussu.
Em pé: Moreto, Moreira, Galo, Douglas, Bassi e Bodinho.
Agachados: Zé Carlos, Neguita, Leão, Chuvisco, Cidico e o Mané Massagista.
Enfoco o Bassi, ala esquerdo que jogou no São Paulo FC, com passagem duradoura no GR Martinica.
Banco de reservas do Furacão da Zona Sul. O técnico Lucindo, entre o Simonal e o Marcos tragando o cigarro.
Na sequência, Valtinho Vilela, Toninho Branco, Sabiá, Valtinho e Ivo.
Novamente repleta a arena do União dos Operários. Um verdadeiro comboio de ônibus e carros se aglomeraram pelas ruas circunvizinhas.
Em gesto de saudação, Nelsão, torcendo pelo mano Cidico.
Cidico que fez o 1 a 0 pra aliviar a tensão do treineiro Lucindo, de mão na cabeça, ao lado do Toninho Branco.
De calças bocas de sino, flores nas mãos e no cinto. Quem são as moças torcedoras, e o que é feito delas agora?
Em mais um desafio, a satisfação de todas. O GR Matinica cumpriu a missão e manteve a posse do terreiro.
Leão, o centroavante, fez o 2 a 0 pra cima do Pq Buturussu e foi o craque da disputada peleja.
Reconheço na foto, o Mané Camarão, Zagallo, o Lua, no fundo. Quem mais?
O zagueiro Douglas recebe o cumprimento dos amigos por mais uma vitória.
O galo Martinica manteve seu canto.
Branco, preto e laranja. Quem desse caldo bebeu, de outro não beberá.
Baleia impõe o ritmo, e o Raul Barbeiro tira uma onda.
O presidente Moacir Bondezzan ganhou uma linda taça, que, depois, na hora da comemoração transbordou de cerveja.
Festejo estendido por todo aquele domingo, já sabendo que o desafiante seria o perigoso time da Metalúrgica Frum, da Vila Maria.
4º JOGO
O Martinica era o nome falado na boca varzeana.
E o Garganta fez questão de ser fotografado com seu galo talismã.
Simonal e Cidico, antes da partida.
Entre eles a pequena filha do falecido Zezinho, do EC Jd Roberto.
Naquele domingo frente à Metalurgica Frum, o time que vinha atuando amargou três baixas.
Em razão do falecimento de sua mãe, o beque central Douglas não atuou.
Também o zagueiro Bodinho e o ponta direita Zé Carlos, machucados, não foram pro confronto.
O GR Martinica posou pra foto com:
Em pé - Moreto, Moreira, Toninho Branco, Galo, André, Valtinho e Sabiá.
Agachados - Simonal, Neguita, Leão, Chuvisco, Cidico e o Mané Massagista.
Embora a zaga do GR Martinica se mantivesse segura, o ataque não funcionou.
E o resultado de 0 a 0 percorreu todo o tempo de jogo.
Segundo algumas lembranças, Valtinho Vilela, que entrou no decorrer da peleja, perdeu a chance de ouro.
Nos penais, a equipe da Metalúrgica Frum levou a boa e assumiu seu mandato de galo.
Fim de um capítulo valioso na história desse clube, que voltou nos anos seguintes a participar do evento.
O Desafio ao Galo deixou de ser transmitido pela TV Record no início da década de 90.
Hoje contando 44 anos de fundação, e diante de outras tantas conquistas, o GR Martinica tornou-se símbolo e referência da várzea paulistana.
(As fotos pertencem ao acervo do Moacir Bondezzan, e foram clicadas pelo fotógrafo Tigrão)
O Desafio ao Galo deixou de ser transmitido pela TV Record no início da década de 90.
Hoje contando 44 anos de fundação, e diante de outras tantas conquistas, o GR Martinica tornou-se símbolo e referência da várzea paulistana.
(As fotos pertencem ao acervo do Moacir Bondezzan, e foram clicadas pelo fotógrafo Tigrão)
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