O povo é ponte e atravessa qualquer rio... (Foto: Andréa Barbour) |
Semana agitada. São Paulo parou. O Brasil parou. E não foi pra gritar gol de Neymar. E que golaços! Em dois jogos, em menos de 10 minutos, uma de direita, outra de canhota, dois sem pulos com estilo, fatais.
E a pintura deste segundo gol? A penteada na bola, o toque arisco filtrado entre os zagueiros. No domínio da situação, um requebro malandro e o passe medido pra batida sem pressa de outro iluminado, Jô.
O Brasil parou e não foi pra gritar gol, e sim o passe. Passe Livre, o nome do movimento que ganhou as ruas de Sampa e paralisou os grandes centros do país.
Nunca se viu nada igual. Recorda-se a marcha pelas diretas já, os caras pintadas na queda de Collor, mas em ambas havia a influência partidária, o apoio da imprensa televisiva.
Desta vez não. Quem se atreveu foi rejeitado. Ganhou corpo a voz contra a ineficácia das instituições. 20 centavos que renderam milhões de pessoas nas ruas em legítimo protesto contra os desmandos praticados por nossa democracia, instituição que está sendo testada nesse momento.
Dos reclamos, desigualdade social, oportunidades iguais pra competir, a corrupção, segurança, saúde, o ensino, a cultura, o transporte foi o agente catalisador de tudo que estamos vendo.
Um objetivo próximo. O aumento da tarifa. Condução que é motivo de insatisfação diária. Vingado através de redes sociais. De mensagens curtas infiltrando-se em periféricos. Uma verdadeira tuiteratura.
Corajosa e influente juventude quer jogar. Quer o enfrentamento das ideias, e não o confronto.
O passe livre está em campo, e deixou a classe política brasileira acuada.