I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA
Em brumas, a cidade de São Paulo encontrou, em agosto, o coração que Mario de Andrade deixou pra sempre na Rua Lopes Chaves, número 546.
Apenas uma licença poética pra abrir o papo sobre o Sarau do Coração Perdido que tomou conta da morada de um poeta, escritor, pesquisador musical do século XX: Mario de Andrade.
Além de poeta atuante na Semana de Arte Moderna de 1922, Mario de Andrade inovou o romance com Macunaíma, o relato de um anti-herói em que reuniu diferentes mitos indígenas, mostrando a riqueza intercultural do país.
Em lugar de viajar a Paris, Mario de Andrade cantava as ruas de São Paulo, o rio Tietê e preferiu se embrenhar pelas margens, em expedições ao Nordeste e Norte, coletando melodias, ritmos e danças populares.
Entendem agora porque cabe na prática do sarau compartilhar um ato naquela casa que reúne um acervo das diversas facetas desse escritor na Barra Funda, não é?
Imaginem que aula seria poder levar estudantes da periferia a esses espaços públicos, àquele lar-museu que abriga livros, fotos, repertório musical e cartas...
A presença marcante desse e outros ícones da Semana de Arte Moderna de 1922, aparece no painel ao fundo, atuando como cenário do jogral que abriu o sarau, comandado por Marco Pezão...
Quem foi àquela casa de esquina no bairro da Barra Funda naquele dia encontrou as vozes e se não viu o rio, ouviu as Meditações sobre o Tietê & Carro da Miséria, dois livros em forma de jogral...
A trilha sonora de João Verbo intercalou a arte instrumental com a musicalização de um dos poemas de Mario de Andrade, sem deixar de apresentar suas baladas durante o sarau...
Carina Ruiz, Bispoeta, Elide Nascimento e Alai Diniz do coletivo do I love laje coloriram de vozes a presença subjacente de Mario de Andrade...
Que há mais de sete décadas desfiava versos de um lirismo líquido, Mario de Andrade parecia embalar não só sua noite, mas a de uma cidade inteira..
O público que prestigiou o Sarau do Coração Perdido naquela noite invernal participou do entusiasmo do grupo pelos poemas modernistas...
Fincando no coração do espectador um modo de ler e performar as duas obras criadas no fim da vida do poeta...
Após o jogral foi a vez de ouvir quem fora ouvinte, isso que no jogo típico do Sarau implica uma regra de liberar o microfone para a presença de uma produção poética contemporânea.
Zanir de Oliveira compartilhou com todos sua visão do poeta e um poema de sua lavra que aqueceu o sarau...
E no eco dos poemas breves de Alexandre a encruzilhada dos poetas canônicos que sentados atrás, nas escadas da literatura moderna, parecem observar a cena periférica atual...
Rafael apresenta alguns poemas de seu livro pra esse momento de partilha do sensível...
Entre poemas em ritmo de rap da dupla Elide e Bispoeta...
Ou cena breve de Marco Pezão e Alai Diniz
Reverberam melodias de João Verbo...
Naquela noite vozes sedentas do rio da linguagem lutaram contra a misemiséria do cotidiano.
Confiram alguns excertos no vídeo!
Reportagem: Alai Diniz e Marco Pezão
Fotos e vídeos: Beatriz Citelli
DO CAMPO LIMPO AO SINTÉTICO
POESIA SEM MISÉRIA
A VÁRZEA É ARTE
VÁRZEA É VIDA
PARTICIPE!
Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo
Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo
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