I LOVE LAJE NO FOMENTO À CULTURA DA PERIFERIA
Viva a alegria nessa nesga do mundo, chamado Maria Rosa,
em Taboão da Serra!
em Taboão da Serra!
A menina, de ensolarado sorriso, em sua fantasia, olha, de frente, o mundo, sem barreiras, nem preconceitos.
À direita, de outra geração, alguém também se veste de fada, com a varinha de condão dos 25 anos da Banda Espera Marido.
É Santão, superlativo de santo. Firmeza no olhar protegido dos raios solares. Compartilham ambos esse momento dionisíaco da festa.
Seguidoras de Dionísio, as chamadas bacantes na Grécia não eram cidadãs. E por que elas seguiam o deus do vinho e da transformação?
Escapavam da violência dos pais, irmãos ou maridos indo ao seu cortejo. Nem tudo mudou, infelizmente!
Escapavam da violência dos pais, irmãos ou maridos indo ao seu cortejo. Nem tudo mudou, infelizmente!
Hoje, homens que se vestem de mulher, ousam contradizer os hábitos?
De certa maneira, satirizam a tradição; a ordem e o estereótipo do cotidiano.
De certa maneira, satirizam a tradição; a ordem e o estereótipo do cotidiano.
No Carnaval brinca-se com as relações de gênero e suas amarras.
Como ritual de irreverência e transformação, o Carnaval libera o prazer.
O corpo masculino em trajes feminis torna caricaturais as diferenças do sexo e cria um estranhamento de peito e traseiro...
...pernas, barba, cosméticos e perucas. Peruas? Festa aos olhos da mulher.
Como ritual de irreverência e transformação, o Carnaval libera o prazer.
O corpo masculino em trajes feminis torna caricaturais as diferenças do sexo e cria um estranhamento de peito e traseiro...
...pernas, barba, cosméticos e perucas. Peruas? Festa aos olhos da mulher.
O ser humano tem a ousadia de rir de si e se transformar no ritual.
Isso flexibiliza as interdições? Oxalá faça o mundo menos preconceituoso, menos violento, mais humano.
Entretanto, as mulheres também se divertem. Começo por Rose que conheci na Banda Espera Marido.
Começamos espontaneamente combinando passos de reggae e lá estávamos curtindo a brincadeira, quando passa alguém e comenta com ela:
- Olha lá, hein, Rose, não vá perder a hora amanhã. Você entra às seis horas!
- Pode deixar!
E pra mim ela diz, sem parar de dançar:
- É meu patrão! Batalho lavando roupa de jogador. Tenho um filho de treze anos mas não sou nenhuma coitada, nem dependo de ninguém. Tá doido, seu, ainda tenho 12 horas de folga, entro só às 6 da manhã. Hoje o dia é meu!
Começamos espontaneamente combinando passos de reggae e lá estávamos curtindo a brincadeira, quando passa alguém e comenta com ela:
- Olha lá, hein, Rose, não vá perder a hora amanhã. Você entra às seis horas!
- Pode deixar!
E pra mim ela diz, sem parar de dançar:
- É meu patrão! Batalho lavando roupa de jogador. Tenho um filho de treze anos mas não sou nenhuma coitada, nem dependo de ninguém. Tá doido, seu, ainda tenho 12 horas de folga, entro só às 6 da manhã. Hoje o dia é meu!
A pedida era a dança e o repórter Marco Pezão também cai na folia sob a varinha da fada Santão.
Afinal, ali mudar o tempo do ser que trabalha para o ser que deseja (Octavio Paz) era o ritual.
Antiga moradora de Taboão da Serra, nos anos 80, e professora no Laurita, não conheci antes a Banda Espera Marido, iniciada em 1993.
Naquela época de tempos sombrios e filhos pequenos, não havia muito tempo pra curtir o Carnaval...
...e a vida passava por outras prioridades.
Entretanto, agora, sexagenária, sem repressões, nem recalques, foi a primeira vez que estive no grito da Banda Espera Marido...
...e tiro o chapéu como Rose.
A todos, ao cantor Nelson, demais instrumentistas e Santão, Pedrinho e organizadores vivos e finados, grata, pois quem foi pra rua do Maria Rosa naquele sábado, grita!
...e tiro o chapéu como Rose.
A todos, ao cantor Nelson, demais instrumentistas e Santão, Pedrinho e organizadores vivos e finados, grata, pois quem foi pra rua do Maria Rosa naquele sábado, grita!
“Não deixe o samba morrer!”
Reportagem: Alai Diniz
Esse projeto foi contemplado pela 1ª edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da cidade de São Paulo
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