Mineiro de Barra Longa, aos 16 anos, acompanhado do pai, o
sanfoneiro José Ventura, Geraldo Magela desembarcou na rodoviária paulistana
para ir morar com uma das tias, na favela Buraco do Sapo, na Vila Missionária.
Na bagagem, pouca roupa e fartas lembranças:
Da mãe, Maria da Conceição. Do Jongo, do Samba de Umbigada e o Calango Mineiro promovidos pelos tios Geralda e Baiano.
Da mãe, Maria da Conceição. Do Jongo, do Samba de Umbigada e o Calango Mineiro promovidos pelos tios Geralda e Baiano.
Do rio
Gualacho, que já naquela época tinha cor de barro, efeito causado pela
mineradora que então ocupava os arredores da hoje extinta cidade de Mariana.
As mãos calejadas pelo trabalho na Fazenda Curvina. Sexto
filho entre nove irmãos. O coração pulsando forte ante os prédios e o tráfego
de carros e pessoas.
A folia do Boi de Reis, a Cocada, o Carnaval Mineiro e a
boneca Nega Maluca tornando-se reflexos de uma saudade virtuosa, forte como o
cheiro do café servido na Padaria Palmas, seu novo emprego.
A paixão pela música fez do violão seu companheiro.
Professor de ritmos, percussão, folclorista contrapondo o urbano, Geraldo
Magela chegou em Taboão da Serra na década de 90, fincando raízes no Pq Marabá.
Em 2004, tendo como recurso somente sua boa vontade, criou o
Candearte, grupo folclórico que tem por objetivo preservar e estimular a
cultura regional.
A garagem da sua casa virou
sede onde desenvolveu oficinas para treinamento de jovens e adultos da
comunidade.
O folguedo do Boi ganhou a vizinhança, e o Pq Marabá, graças
ao artista Geraldo Magela, tem um sítio cultural da maior representatividade.
Hoje, a Casa de Cultura Candearte tem sua sede na Rua
Marcelino Correia de Mello, s/n, em frente a E.E. Maria José Antunes Ferras, ao
lado do revitalizado Centro de Convivência Marabá.
No local, o grupo Candearte, atualmente com 13
participantes, promove a Cocada, ou a dança do coco, sempre no segundo sábado
de cada mês, a partir das 19h.
Ainda, semanalmente, oficinas de teatro, danças
folclóricas, violão, percussão e capoeira.
No dia a dia, também fortalecendo o convívio, a horta comunitária é
tratada com carinho e zelo.
Geraldo Magela, 49 anos, cantor e compositor, tem dois cds
lançados: Forrobodó, de 2006, e Minas Canções, de 2009.
Participante do Sarau do Binho, ao final de
cada encontro, é o cirandeiro a embalar alegria, sociabilidade e arte.
Em sampa, acompanho o Geraldo Magela no atual movimento dos
saraus e da literatura periférica, que, inclusive, nasceu aqui no Taboão, em
2001, no Bar Garajão.
Conheço a Casa de Cultura Candearte e sei da importância
nela gerada e das dificuldades enfrentadas para manter os afazeres.
Urgente se
faz o tempo. Cultura é o prato a ser servido à entrada em qualquer município,
estado, país que se preze.
É preciso – livre de demagogias - que a Secretaria de Cultura
de Taboão da Serra valorize o trabalho dos artistas taboanenses. Investir em
ação e não em assentos!
No caso, o Geraldo Magela, já é questão de respeito. E
o seu não reconhecimento indica despreparo por parte de quem dirige o
respectivo departamento municipal.
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