sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Geraldo Magela, artista que Taboão não valoriza!

Mineiro de Barra Longa, aos 16 anos, acompanhado do pai, o sanfoneiro José Ventura, Geraldo Magela desembarcou na rodoviária paulistana para ir morar com uma das tias, na favela Buraco do Sapo, na Vila Missionária.

Na bagagem, pouca roupa e fartas lembranças:

Da mãe, Maria da Conceição. Do Jongo, do Samba de Umbigada e o Calango Mineiro promovidos pelos tios Geralda e Baiano.  

Do rio Gualacho, que já naquela época tinha cor de barro, efeito causado pela mineradora que então ocupava os arredores da hoje extinta cidade de Mariana.

As mãos calejadas pelo trabalho na Fazenda Curvina. Sexto filho entre nove irmãos. O coração pulsando forte ante os prédios e o tráfego de carros e pessoas. 

A folia do Boi de Reis, a Cocada, o Carnaval Mineiro e a boneca Nega Maluca tornando-se reflexos de uma saudade virtuosa, forte como o cheiro do café servido na Padaria Palmas, seu novo emprego.

A paixão pela música fez do violão seu companheiro. Professor de ritmos, percussão, folclorista contrapondo o urbano, Geraldo Magela chegou em Taboão da Serra na década de 90, fincando raízes no Pq Marabá.

Em 2004, tendo como recurso somente sua boa vontade, criou o Candearte, grupo folclórico que tem por objetivo preservar e estimular a cultura regional.  

A garagem da sua casa virou sede onde desenvolveu oficinas para treinamento de jovens e adultos da comunidade.

O folguedo do Boi ganhou a vizinhança, e o Pq Marabá, graças ao artista Geraldo Magela, tem um sítio cultural da maior representatividade.

Hoje, a Casa de Cultura Candearte tem sua sede na Rua Marcelino Correia de Mello, s/n, em frente a E.E. Maria José Antunes Ferras, ao lado do revitalizado Centro de Convivência Marabá.

No local, o grupo Candearte, atualmente com 13 participantes, promove a Cocada, ou a dança do coco, sempre no segundo sábado de cada mês, a partir das 19h. 

Ainda, semanalmente, oficinas de teatro, danças folclóricas, violão, percussão e capoeira.  No dia a dia, também fortalecendo o convívio, a horta comunitária é tratada com carinho e zelo.

Geraldo Magela, 49 anos, cantor e compositor, tem dois cds lançados: Forrobodó, de 2006, e Minas Canções, de 2009.  

Participante do Sarau do Binho, ao final de cada encontro, é o cirandeiro a embalar alegria, sociabilidade e arte.

Em sampa, acompanho o Geraldo Magela no atual movimento dos saraus e da literatura periférica, que, inclusive, nasceu aqui no Taboão, em 2001, no Bar Garajão.

Conheço a Casa de Cultura Candearte e sei da importância nela gerada e das dificuldades enfrentadas para manter os afazeres. 

Urgente se faz o tempo. Cultura é o prato a ser servido à entrada em qualquer município, estado, país que se preze.

É preciso – livre de demagogias - que a Secretaria de Cultura de Taboão da Serra valorize o trabalho dos artistas taboanenses. Investir em ação e não em assentos! 

No caso, o Geraldo Magela, já é questão de respeito. E o seu não reconhecimento indica despreparo por parte de quem dirige o respectivo departamento municipal.


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