A primeira
vez que me ouvi chamado por ‘agitador’, veio de uma colega, a Cris, da assessoria
de imprensa de Taboão da Serra, beirando os anos 2000.
Disse em
função do meu desempenho ao retratar o futebol varzeano à mídia da cidade. E
também pelo meu envolvimento com a poesia, cotidianamente, fazia anos.
Veio, então,
a construção do Sarau da Cooperifa, em 2001, no bar Garajão, às quartas-feiras,
no Jd Helena, bairro do município taboanense.
Ao lado do
poeta Sergio Vaz, a palavra sarau, em desuso no dicionário, tornou-se ativa.
A poesia
fecundou ali nova voz. Ao microfone, os poetas tomaram ação.
O Sarau da
Cooperifa mudou-se pra o Bar do Zé Batidão, em Piraporinha, onde permanece como
referência de um movimento que se espalhou por toda São Paulo.
Somando conosco,
o poeta Binho, que em seguida criou o Sarau do Binho, às segundas-feiras, em
Campo Limpo, tornando-se dos mais concorridos onde quer que se apresente.
Eu segui meu
caminho. Aceitando o convite do poeta Frederico Barbosa, fui trabalhar no
projeto Mapa da Poesia, pela Poiesis.
Logo, auxiliado
pela Lids Ramos, do Sarau da Ademar, em menos de doze meses fizemos mais de 40
saraus, seja na Casa Mario de Andrade, Metrô Santa Cecília, Biblioteca do
Carandiru, Bienal do Livro.
Além de
oficinas de poesia, viabilizamos transporte para diversos coletivos, culminando
na viagem ao Rio de Janeiro, com 42 poetas de diversos saraus, num intercâmbio
produzido pelo escritor Alessandro Buzo.
Deixe a
poesia entrar em sua vida, não dói nada!
Nova fase.
Em 2011 criamos o Sarau A Plenos Pulmões, na Casa das Rosas, tendo como mote aquele
que nos segue há quatro anos: o incentivo a leitura, a literatura, a poesia
escrita e falada.
No período
2013/14 participamos da Oficina de Teatro do Espaço Clariô, em Taboão, com a
Naloana Lima, onde, sob sua direção, escrevemos a peça Nasce um sarau, Clariô
no Verso.
A montagem
reuniu 14 jovens atores. Encenada, a narrativa percorreu o projeto Veia e Ventania
em 6 bibliotecas municipais, com o apoio do Sarau A Plenos Pulmões Itinerante.
Paralelo a
tudo, o I Love Laje, em Campo Limpo, vai tomando forma como espaço cultural e
livraria de oralidade.
Pensei em
escrever uma crônica, e tá parecendo meu currículo.
Talvez
porque tento me justificar o merecimento do troféu Governador do Estado, na
área Territórios Culturais, como poeta e agitador cultural.
Ser indicado
foi uma surpresa, confesso. Estar entre os cinco concorrentes, na
segunda-feira, 23, no Teatro São Pedro, na Barra Funda, na festa de premiação,
causou uma avalanche de recordações.
Local onde
assisti a minha primeira peça de teatro, e onde depois encenei Cartas Chilenas,
de Tomás Antonio Gonzaga.
Já faz
quarenta anos isso, e eu aqui curtindo agora os homenageados.
A hora é
chegada. Ouço ser chamado. Minha trajetória fora premiada pelos jurados.
Minha
expectativa se dissipa.
Mas a emoção
é muita. Teatro lotado. Todas importantes figuras. Ao microfone, agradeço. Ao
conjunto/tempo, agradeço. Reclamo. Enalteço. Digo coisas que sinto.
E o que sei
fazer de melhor. Do meu livro, declamo o poema ‘Nóis é ponte e atravessa
qualquer rio’.
Acústica e
som de primeira. Plateia. Aplausos. Je suis periferia!
Desço para
encontrar os abraços e sorrisos de meus convidados acompanhantes, Otília, Lids,
David da Silva, e Zé Sarmento.
Uma
garotinha, com a mãe, se aproxima e diz:
- Gostei da
sua poesia. Quero fazer uma foto com você.
Diante dessa
inesperada e sincera reação, dois fatos.
A Isadora
ganhou meu livro. E eu ganhei a noite.
Parabéns Marco Pezão estou feliz por você,se alguém merecia ser reconhecido pelo talento em prol da cultura c/seus poemas e saraus da vida,fotográfo c/suas lentes históricas focando nosso futebol varzeano em sua realidade em cada época c/profissionalismo e dedicação com a dificuldade do dia a dia em periféria; só poderia ser você,um prêmio tão importante como o "Troféu Governador do Estado", Parabens
ResponderExcluirTio Mauro