domingo, 23 de fevereiro de 2014

Lady de la noche!

Uma simples estaquia iniciou o processo lento, criador.

Solanaceae, família numerosa. 3000 espécies em 10 gêneros.

Como imaginar, diante de sua formosura, que fosse parente de pepinos, tomates e o tabaco?

Teu corpo em hastes espalma folhas disformes, viçosas. De onde se alongam estipes curvas, sustento de vistosos bagos.

Uma hidra com 13 cabeças. 

Ao lado do canteiro, deslumbramos o mistério. 

Na Índia ou nas Américas, pri-ma-dona do prazer noturno. Feito strip-tease valoriza cada peça que tira.

Do luar, amante. Sépalas, pétalas agitam-se e abrem-se em cadência estelar.

Até que, esplendorosamente nua, sua fragrância suaviza o ar e nos embriaga.

Translúcida, branca. Delicados fios expõem o creme do pólen.

Além da brisa, que bichos de hábitos noturnos vêm te polinizar?

Exótica, não fosse tóxica, lamberia o mel.

Pois, segundo a crença, teu óleo revigora o estigma sexual. 

Cestrum Nocturnum, Dama de La Noche, Lady of the Night, Medeia que nossos olhos vidram. 

Invadimos a madrugada e, chapada, minha dama, entre lençóis, se recolhe.

Sigo atrás do acalanto.

Mas, antes, pela vidraça da porta, invejo a mariposa que sobre sua flora esvoaça.

Abertas as cortinas, o sol. E as flores repousam lânguidas e murchas.

Sábia natureza;

Para intenso ardor, uma noite basta!


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