quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Em nome deles, viva o Brasil guerreiro!

Um bate papo com amigos do dia a dia...

Vital e a amiga Márcia: acreditar e fazer acontecer


Vital Lira, 44 anos, nascido e criado no Campo Limpo, taxista, ele dá o recado:

“Se a eleição do Barack Obama não te emocionou, é porque há algo errado com você.

A eleição do primeiro presidente afro descendente à frente do poder da maior potência mundial, dentro de uma política conservadora, só aumenta a certeza que somos todos iguais, independente da cor de nossa pele.

A presença de negros na televisão, na música, nas artes, nos esportes, na política, é a real. O dia 20, Dia da Consciência Negra, instituído em 9 de janeiro de 2003, lei nº 10639, serve pra referendar nossa liberdade, nosso orgulho.

O bom senso nos diz que vale a pena lutarmos por igualdade.Todos temos potencial para tornar nossos sonhos realidade. Basta acreditar e fazer que aconteça.”

Pedro Damásio, o Pedrão, e a namorada Telma

Pedro Damásio Rosa, 60, morador na região do Jd Catanduva há 36 anos. É instrutor técnico de telecomunicações e tem 9 filhos: Oscar, Anselmo, Paula, Marcelo, Anderson, Patrícia, Camila, Fabio e Flavio.

Pedrão diz o que pensa:

“Onde eu trabalhava éramos 64 mestres, sendo que apenas 6 negros. Nunca senti o preconceito acentuado no exercício da minha profissão, embora, o velado, sim!

Historicamente falando, o homem negro é trabalhador. Deram a liberdade, mas não o meio de sobrevivência. Tiraram os grilhões, mas ainda ele ficou refém do senhorio.

O negro não tem de andar de cabeça baixa, se abater. Ele sabe da existência do racismo e deve correr atrás de oportunidades.

Para o negro tudo é mais difícil, mas não impossível. Deve ser respeitador, e todos o devem respeitar.

O dia 20 é para exaltarmos a consciência. Mas, por tudo que já vivi e aprendi, eu posso dizer: O Negro é lindo e o branco, também.”


Paulo Ferreira já foi rei nas boites de São Paulo

Paulo Ferreira de Souza nasceu em 1928 e conta 81 anos. Vindo de Itabuna, Bahia, chegou ao Campo Limpo em 1970.

Marceneiro por profissão, é casado com dona Nair Ferreira Sena, da mesma idade, e contam 5 filhos: Sonia, Paulo, Luiz, Suely e Conceição.


O Paulo fala um pouco da sua experiência:

“Graças a minha profissão venci a vida, não posso reclamar. Nunca fui parar numa delegacia e nem tive problemas com ninguém. Gostei do Santos, do Pelé, mas sou corinthiano.

Na minha época tomei conta de São Paulo, gostava de dançar e curtia a noite nas boites. Minha mulher é uma santa.

E o que me deixa muito feliz é a amizade que eu tenho com meus filhos.

Discriminado fui uma vez, no clube da minha cidade, quando me pediram pra sair do salão com minha mulher, antes da gente se casar.”

Antonia de Mattos, a madrinha do Jd Catanduva, e o neto Kauê

Antonia de Mattos França é nascida em 1935, no Morumbi, São Paulo. Reside no Jd Catanduva há 36 anos, onde é considerada madrinha do bairro. Viúva, de Valdir França, tem 5 filhos: Bronze, Zula, Fuminha, Valeria e Valquiria. Os netos somam 11.

Fã de Elza Soares, Martinho da Vila e Jorge Aragão, o samba e a cerveja são hábitos que dona Antonia, morena de olhos verdes, não deixa de curtir:

“Hoje tem baile de aniversário no clube dos funcionários do Hospital da Clinicas, e eu não vou perder. Sempre gostei de dançar, sempre fui muito espontânea.

Me casei com 28 anos de idade e o meu marido era ciumento. No ônibus, quando olhavam pra mim, ele já perguntava: Quem é, você conhece?

Foi um tempo bom. Estou feliz com que representa o dia 20. O povo negro sofreu muito e até hoje sofre discriminação.

Mas de mim só posso dizer que negros ou brancos, eu amo a todos. Todos me tratam bem.”


Frases:

Morota: Novos tempos estão chegando, o negro deve ter seu valor reconhecido...

Cristiane: O dia é de festa e de consciência também...

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