Trabalhando em torno do futebol varzeano, no pensamento em favor da sua comunidade.
Com vocês, o corinthiano Marcos:
Quem é você no dia a dia?
O nome é Marcos Rocha dos Santos. Sou nascido em São Paulo, capital, Jd América, em 03/12/1974.
Vim para Taboão morar no Jd Leme, era pequeno ainda.
Hoje, os meus filhos, a Stephanye, o Jonatan, Jheniffer e Jhosuan, com 17, 14, 12, e 5 anos, são motivos do meu entusiasmo no dia a dia.
Na cozinha, tv, e na arte, qual é o prato?
Tendo na mesa, arroz, feijão, bife e ovo, estou feliz.
Música, gosto de muito rap, samba, e algumas MPB, do Djavam, Jorge Ben.
Rap é Z’África Brasil, não tem jeito. E Periafricania, também.
Na tv, assisto bastante jornal e documentário. Novela e esses baratos não assisto, não.
Ah! Futebol, gosto de futebol pra cacete!
Como começou seu envolvimento no futebol?
Bom, tive meus problemas como todo mundo tem. Em alguns deles senti a ausência da vida.
Onde eu estava, fiquei privado da minha liberdade, algum tempo.
E a maneira que encontrei de passar meus dias lá, foi me envolvendo com o futebol.
Como não sei jogar bola, o que eu fazia?
Era roupeiro, treinador e comecei tipo a organizar uma liga lá dentro.
Quando ganhei minha liberdade saí com essa mente de dividir...
Interagir entre as pessoas, levar as pessoas a pensar de outra forma...
Que não havia só aquela maldade, tal e tal, e trouxe isso pra quebrada.
Como surgiu a Ponte Preta?
Em 1999 começamos a jogar amistoso, o time se chamava Unidos do Leme.
Como já tinha tido um time com esse nome e não foi tão pegado...
Então, a gente fundou a Ponte Preta, que já vinha de alguns anos, do tempo do “seo” Altamiro e tinha parado...
E eu que continuei não sabendo jogar bola, fiquei como articulador.
Fomos pra seletiva em 2000, com 195 times, no mata-mata, valendo escanteio e conseguimos nosso espaço...
Subimos pra 2ª divisão e demorou três anos pro time pra chegar na 1ª divisão.
E, graças ao trabalho da diretoria, em 2007, a Ponte Preta se tornou campeão de Taboão...
Um sonho, pelo qual, toda comunidade lutou e vibrou muito.
E estamos aí na batalha, disputando a Copa Brahma, seletiva da Kaiser, sempre no maior astral.
E a festa das crianças?
O primeiro aniversário da Ponte Preta, a gente comemorou em 12 de outubro de 2000.
Comprou cerveja, carne e quando acabou, vimos que a coisa era maior que aquilo. Que não tinha feito nada de espetacular.
Então, decidimos fazer algo mais...
Escolhemos como vítimas as crianças, pra num dia do ano dar uma atenção maior pra elas. Um barato mais social.
O lanche, que a gente viu como necessidade de primeiro momento...
A falta de perspectiva. De amor próprio, de mostrar que elas podem ser amadas por outras pessoas que não sejam o pai e a mãe...
Em 2001, na primeira festa da criança, a gente conseguiu lanche, refrigerante, brinquedos, só que não deu pra todo mundo...
Muita gente na comunidade taxou como festa de bandido, devido um ou outro ter tirado cadeia.
Hoje, têm pessoas que somam com a gente. A festa cresce a cada ano.
São milhares de crianças no campo do Leme. Só participando pra saber.
Qual a mensagem que fica?
Todas pessoas que têm influência em suas comunidades, elas devem se conscientizar que são pontos de referência.
Eu pediria a essas pessoas que quando os políticos procurarem eles para pleitear votos, que peçam melhoras pra comunidade e não cerveja ou fardamento.
Pois todo ser humano que se preza tem o seu da cerveja, tem o seu pro fardamento de futebol.