segunda-feira, 2 de março de 2015

Troféu Governador do Estado premia a trajetória de Marco Pezão

A primeira vez que me ouvi chamado por ‘agitador’, veio de uma colega, a Cris, da assessoria de imprensa de Taboão da Serra, beirando os anos 2000.

Disse em função do meu desempenho ao retratar o futebol varzeano à mídia da cidade. E também pelo meu envolvimento com a poesia, cotidianamente, fazia anos.

Veio, então, a construção do Sarau da Cooperifa, em 2001, no bar Garajão, às quartas-feiras, no Jd Helena, bairro do município taboanense.

Ao lado do poeta Sergio Vaz, a palavra sarau, em desuso no dicionário, tornou-se ativa.

A poesia fecundou ali nova voz. Ao microfone, os poetas tomaram ação.

O Sarau da Cooperifa mudou-se pra o Bar do Zé Batidão, em Piraporinha, onde permanece como referência de um movimento que se espalhou por toda São Paulo.

Somando conosco, o poeta Binho, que em seguida criou o Sarau do Binho, às segundas-feiras, em Campo Limpo, tornando-se dos mais concorridos onde quer que se apresente.

Eu segui meu caminho. Aceitando o convite do poeta Frederico Barbosa, fui trabalhar no projeto Mapa da Poesia, pela Poiesis.

Logo, auxiliado pela Lids Ramos, do Sarau da Ademar, em menos de doze meses fizemos mais de 40 saraus, seja na Casa Mario de Andrade, Metrô Santa Cecília, Biblioteca do Carandiru, Bienal do Livro.

Além de oficinas de poesia, viabilizamos transporte para diversos coletivos, culminando na viagem ao Rio de Janeiro, com 42 poetas de diversos saraus, num intercâmbio produzido pelo escritor Alessandro Buzo.

Deixe a poesia entrar em sua vida, não dói nada!

Nova fase. Em 2011 criamos o Sarau A Plenos Pulmões, na Casa das Rosas, tendo como mote aquele que nos segue há quatro anos: o incentivo a leitura, a literatura, a poesia escrita e falada.

No período 2013/14 participamos da Oficina de Teatro do Espaço Clariô, em Taboão, com a Naloana Lima, onde, sob sua direção, escrevemos a peça Nasce um sarau, Clariô no Verso.

A montagem reuniu 14 jovens atores. Encenada, a narrativa percorreu o projeto Veia e Ventania em 6 bibliotecas municipais, com o apoio do Sarau A Plenos Pulmões Itinerante.

Paralelo a tudo, o I Love Laje, em Campo Limpo, vai tomando forma como espaço cultural e livraria de oralidade.

Pensei em escrever uma crônica, e tá parecendo meu currículo.

Talvez porque tento me justificar o merecimento do troféu Governador do Estado, na área Territórios Culturais, como poeta e agitador cultural.

Ser indicado foi uma surpresa, confesso. Estar entre os cinco concorrentes, na segunda-feira, 23, no Teatro São Pedro, na Barra Funda, na festa de premiação, causou uma avalanche de recordações.

Local onde assisti a minha primeira peça de teatro, e onde depois encenei Cartas Chilenas, de Tomás Antonio Gonzaga.

Já faz quarenta anos isso, e eu aqui curtindo agora os homenageados.

A hora é chegada. Ouço ser chamado. Minha trajetória fora premiada pelos jurados. 

Minha expectativa se dissipa.

Mas a emoção é muita. Teatro lotado. Todas importantes figuras. Ao microfone, agradeço. Ao conjunto/tempo, agradeço. Reclamo. Enalteço. Digo coisas que sinto.

E o que sei fazer de melhor. Do meu livro, declamo o poema ‘Nóis é ponte e atravessa qualquer rio’.

Acústica e som de primeira. Plateia. Aplausos. Je suis periferia!

Desço para encontrar os abraços e sorrisos de meus convidados acompanhantes, Otília, Lids, David da Silva, e Zé Sarmento.

Uma garotinha, com a mãe, se aproxima e diz:

- Gostei da sua poesia. Quero fazer uma foto com você.

Diante dessa inesperada e sincera reação, dois fatos.

A Isadora ganhou meu livro. E eu ganhei a noite.

Extraindo dela a certeza de que mereci o prêmio e o codinome de poeta agitador!

Teatro São Pedro. Noite inesquecível!!!!!