segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sarau dos Poetas da Casa 'das Rosas'

Das Rosas, domingo, 20, o Sarau dos Poetas da Casa acontece. Alunos e ex alunos reencontram-se ao final de cada oficina realizada...

Imagens poéticas brilham em mentes geograficamente distantes. Cosmopolita São Paulo...

O time de poetas reunido ao ensaio do poema Louco no Oco Sem Beiras, de Frederico Barbosa...

Homenageado na tarde domingueira...

"Anos:
Nos meus oito
A aurora
Já ardia

Infância

Que
Ri
Da

Vida..."

Maria Alice apresentou e declamou no Sarau da Casa:

"Duas horas de sono
Descompasso

Quando muito duas horas

Outras tantas horas
Passo me decompondo"...

Fotografado pela Sandra Ginez, o blogueiro Marco Pezão:

"Aos quinze era Camus
Que não me deixava dormir
Estrangeiro em mim..."

Charles, que também auxilia na organização do evento:

"Dou só
Suado a aula
Pânico frontal

Mímico no escuro
Grito no vácuo
Carta que se perdeu
No atalho marginal..."

Platéia. É crescente o interesse pela poesia declamada...

A poetiza Neuza Pommer valorizou a palavra. Da poesia de Frederico Barbosa, ela comentou:
"Uma certa dureza - quase pétrea - transparece na leitura desses poemas. Porém, parece-nos que essa dureza é própria dos diamantes. O seu brilho será mais resplandecente, quanto melhor a lapidação feita por seus leitores."


"Nem nas horas de folga
Nas poucas horas de folga

Sossego

Ha sempre o que fazer
Há sempre o que não fiz
Há sempre o que farei
Há sempre
Há sempre..."


O desfile de poetas continua, Patricia no palco:

"Só
Para não chorar

Nos meus oito
Deslocado: calava..."

Rebeca dirigiu a dramatização e deu seu recado:

"Não me fale em planos
De vida ou outros tantos

Não me venha com projetos
Certos prefeitos retos

Danem-se os orçamentos..."


"Vivi torto porque quis
Felizmente infeliz

Sou bomba sem pacto
Pavio curto de cacto

E saia de perto
Que é estouro certo..."

Sandra Ginez acrescenta letra nova ao nosso hábito:

"O mundo se arma
Para o blá-blá-blá

Satélite Browser
Telefone celular

Ondas e sondas
Sem ter o que falar"...

O declamo de Selda Roldan:

"Nunca cri
Nunca quis outro plano

Nunca soube
Por engano ser feliz

Na treva névoa
Da clara lucidez

Restou-me esse
Desprezo essa mudez"...

Cena concreta, Moira em sua intervenção:

"Quem poderia me ouvir
Nessa angústia

A quem interessaria o
meu poço o
Esforço pendular..."

Atentos, a produção que não brinca em serviço...

O poeta Frederico Barbosa encerra a primeira parte do sarau...

Casa cheia curte o intervalo musical...

Júlio e Rafael viajam com a Garota de Ipanema, de Vinicius de Moraes...

Esse é o Júlio dando ênfase ao momento musical...

Garota de Ipanema interpretada em japonês...

Rafael embala:

"Eu sei que vou te amar
Por todo a minha vida eu vou te amar..."

A dupla deu seguimento com muito talento...

Na segunda parte cada qual declamou versos próprios. Vou recorrer a Maria Alice para me enviar os nomes, títulos, trechos das poesias declamadas...

Carlos participou do jogral:

"Caio da cama
No abismo compromisso

Saio tarde demais
Morto demais

Para um café
para pensar em ser..."

Charles:

"Poesia ou geometria
Nada comove
Passam pontos planos retas
Nenhum som ou rosa envolve

Tudo tomba
Semente em pedras
Tumbas..."

Daniel, de Taboão da Serra, presente:

O branco
O diabo azul
O sempre
O todo dia

O mais que profundo
O chumbo
O horror..."


Poetar é a arte mais democrática que existe...

A matéria prima é abundante. História a recordar e viver...

O interesse demonstrado no semblante das pessoas...

Em acompanhar o desempenho dos companheiros...

De tenra idade à maturidade, poesia não pode faltar...

A premiada Dora:

"Tudo quebra
Carro vaso tv

As coisas caem
Sem o saber

Só eu me quebro
Contra a parede
Por querer"

O jovem Edson figurando com maestria:

"Panaca
Não entende minha raiva

Tem tudo
E vence
E vem se gabar
Na minha cara..."

Fecundos ares enriquecem horas festivas...

Versátil, Julio cantou e declamou:

"O acordar é o
Grave o

Dia o
Diabo o
Diabólico o

Sono o
Sono o

Horror o
Chumbo o
Mais que profundo o..."

Moira retorna:

"Quem quer saber
Do meu umbigo o
Nariz perdido

Sem um magro cavalo
Sigo no carro calado o..."


Brasil e gol. Vou descolar o nome do parceiro e sua vibrante poesia...

Vindo de Itapecerica da Serra. Do povo do Ita. O Benedito:

"Procuro no vão
Pegar
No sono do sono sem sono
Apagar
Do sono no sono sem sono

Procuro no vão
Do sono"

Rebeca interpretou Fernando Pessoa, à altura do mestre...

Sandra Ginez conclui apresentação com poema de sua autoria...

Foram bons momentos, Selda se despede...

Na assistência o engenheiro Ramos de Azevedo que construiu a Casa das Rosas para sua filha, por ocasião de seu casamento...

Repleto o cálice, o sarau transborda empatia...

E com gosto de quero mais fica o desejoso até breve!